quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Sera um dia como outro qualquer...


mas acordei com o corpo em reticencias e espasmos.
Levantei de súbito, sem uma recarga vinda num lento alongamento dos músculos, como bem fazem os animais,
principalmente os felinos. E uma tontura me fez pensar que talvez o mundo naquele instante parecesse mais escuro, e estava nublado, o sol, meu energizante natural, ainda escondia-se por trás de prédios e não só de nuvens. E logo cedo choveu, mas eu sai para levar o cão para passear antes que outros cães e pessoas fóbicas começassem a encher as ruas. Andei por ruas quase desertas não fossem os jardins das grandes mansões.
voltamos para casa, ambos cansados e saudáveis, ele bebeu, comeu, e foi descansar ate normalizar a respiração, parando de arfar, dormiu, e eu, bebi apenas um copo d'agua e voltei ao conforto quente do cobertor xadrez de cores escuras seguidas por branco, para dormir mais um pouco, reconciliar o sono aos sonhos que desejo ter e nunca tenho.
Sonhei com baratas saindo do subsolo por uma grade de galeria. Saia a primeira, eu buscava meu chinelo para mata-la, mas em seguida, outra parecia decidir-se a aventurar-se em vir a superfície, e meu instinto de higiene assassina era paralisado por aquela imagem, e eu decidi apenas observar o movimento das duas baratas que não vinham em minha direcao, e esperando para saber se sairiam mais, não saiu mais nada, e eu acordei.
Foi ai que olhei o tempo cronometrando-se e devorando-se a cada segundo digitalizado, e dei aquele pulo da cama, como se houvesse alguma urgência em sair do estado de repouso e quebrando a inercia do corpo abruptamente me pus em movimento, e o mundo escureceu.
eu cambaleei um pouco dentro do meu minúsculo e precioso espaço, porem sem temor desnecessário, controlei meu pânico e resolvi tomar um banho frio porque o sol já rompia os concretos, ferros e vidros, e me aqueceria, e aquele mal estar seria lavado e levado pelo ralo. A principio a sensação foi essa, e ate senti-me melhor. Meu corpo reagia sob a agua fria, acordava deveras, talvez fosse isso, o corpo ainda estava sob o efeito do sono não satisfeito... No entanto, cá estou, o sol permeia partes desiguais com luz e sombras gigantescas, entra pela janela da sala sem atingir todos os cómodos, tampouco meu mundo. Sinto frio e uma falta não preocupante de energia.
Pretendo passar o dia apenas lendo e escrevendo, sem consumir meus venenos de praxe.
Hoje será um dia dedicado ao refugio do corpo que abriga uma alma que quer sair por ai detonando(-se)... Não, o dia hoje se estabeleceu em meu corpo com muitas nuvens negras, no entanto, para não desperdiçar nem mesmo um mal estar, eu vou estar mais em mim e tirar proveito disso, como sempre costumo tirar proveito de tudo, ate do que me impede de aproveitar-me.



"...Abre-me o sonho. Para a loucura a tenebrosa porta, que a treva é menos negra que esta luz." fernando pessoa



Pequenas correcoes que em nada alteraram o conteúdo, apenas complementos, como doses de vitaminas que penso precisar ja que continuo sentindo uma falta de elementais no meu corpo que agora quase repousa ao som do Quinteto de Oxford.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

eu falo para quem finge nao me escutar?

Talvez eu apenas imagine que alguém finge que não me escuta.
Quem me ouve então?
Talvez alguém que tema a minha incauta persepcao.
Eu encontro caminhos como eletrodos ligando Um a outros seres.
quando tento chegar mais perto, então somem todos.
Cai a energia do entorno, e em mim quase tudo se acende,
não fosse o benéfico malefício das duvidas escurecidas pela solidão do ato
de buscar respostas sem querer mencionar as perguntas.
Há um medo equacionado entre mim e quem eu imagino que finge que não me ouve.
Quem tem cabeça em quebrados fragmentos, monta a imagem que melhor se aludir ao seu mundo real.
Perdi-me, e já faz algum tempo, dentro da complexidade de entender usando apenas os meus próprios recursos imaginários ou não.
O Leão pertence a algum capitulo da historia de vida do Dragão?
Eu imagino que sim, e nisso há um conflito que não e apenas meu.
A omissão e o paliativo que ambos usam para me deter, mas eu venho caçando-os dentro
das parcas informacoes.
Uma fotocopia de uma pata em pedido de perdão um dia prometido por escrito.
Eu aceitei, sem questionar a intenção, eu já havia esperado desde então que algo assim me fosse dado como prova da co-existência entre o Leão, Um Símio,e Um Dragão que deixava pegadas humanas num terreno imaginário.
Imaginários mundos em colisão ou juncao... eu apenas acreditei nas pegadas que me foram mostradas, eu as segui, e agora que cheguei aqui, parece que essas pegadas querem nunca ter existido para mim.
O que fazer com o resto da historia se eu ainda não sei o que esta por vir?
Qual a finalidade das demonstracoes tímidas, temerosas e atabalhoadas do Leão?
O que ele pensa que ainda pode esconder de mim?
Não há retorno ao principio para que o conteúdo do continuo seja restaurado e tudo fique tão límpido quanto um sonho após um banho de realidade. Talvez não soe tão límpido a principio, mas absorveria o caos em que esses seres se encontram dentro e fora de mim.
Todos silenciaram agora. La fora estou tão só quanto dentro daqui, dessas paredes que não sei, mas imagino, que finjam, sejam escutadas apenas por mim.

Avisos embutidos em entrelinhas de sonhos.

Na manha seguinte a noite em que o Leão me levou para uma reunião cujo intuito era serenizarmo-nos, eu acordei de um sonho que se fazia no mínimo, um alerta. Ei-lo.
Era dia, e não noite, então tudo estava as claras, e nos dois saiamos fugidos de um prédio não identificado numa rua idem, mas eu sabia quem éramos e onde estávamos, mas talvez nao entendesse - naquele instante - o motivo da saída apressada.
Havia um automóvel sem idetificacao de modelo ou fabricante, era apenas um automóvel parado em frente ao prédio de onde saiamos.
O Leão, parecendo um pouco apavorado, levava-me a entrar no auto com ele, tudo muito as pressas... Após instalados mas não deveras acomodados dentro do auto, quando ele ligava a ingnicao para dar partida, eu simplesmente, num arrobo de incrédula decisão, abria a porta e saia. Ele, com ar estupefacto, me gritava em urgência de entendimento e aceitação, quase me ordenando:
"Você precisa fugir comigo!"
E eu com firmeza e convicção, respondia,
"Mas eu não quero fugir, eu quero ficar..."
Acordei sem saber se ele fugia sozinho, sei apenas que eu não fugia.
eu não sou de fugir de nada, eu sou de ficar e enfrentar o que me atormenta ou me aterroriza. Sou de ficar e enfrentar o meu predador, que pode estar absolutamente enclausurado dentro de mim...
E fugir com um Leão que ainda não sabe para onde ir, apesar de possuir futuro endereço?
Não.
As coisas precisam ser enfrentadas dentro dos velhos endereços que contraímos dentro de nos, onde estão as nossas históricas confusões conflitantes, não adianta mudar de endereço, comprar moveis novos, utensílios, roupas, e se manter confinado no passado, porque em absoluto se consegue abrir caminhos novos enquanto os velhos não tiverem sido devidamente percorridos.
O Leão não me leva para ver um bom filme, ou assistir um bom espetaculo, mas quer que eu fuja com ele para dentro do mundo desgovernado em eterna inercia em que ele vive atualmente - ao menos metaforicamente.
Perdão, mas se e para fugir, fujo eu sozinha para dentro de mim mesma, porque e aqui dentro, perdida, desesperada, despreparada, que encontro as partes faltantes do quebra-cabeça que e a minha vida.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

de dentro do meu pequeno e confortavel pedaco de universo....

(...) Estou num momento reflexivo e quero filtra-lo, e isso já vinha fazendo caminho dentro da minha cabeça em passos de discípulo, agora há a leveza na determinação e aprendizado tranquilo e continuo em tranquilos passos de monge que segue...
Caminho então também flertando coma ironia disto estar se dando aqui, numa megametropole em sonho realizado despreparadamente, e me sabendo próxima - apesar de apenas geograficamente - de dois seres que me fizeram rever conceitos e abrir a guarda para saber abrir as portas.
Um anjo e Um duende. Cada um com a sua cota de aparição neste caminho que se bifurcou dentro de mim quando conheci o anjo em Olinda, e se intensificou quando escutei o duende dizendo dos mundos em que vive.
Agora ambos me fecharam suas portas-passagens, das quais eu tenho as chaves, mas não pretendo abri-las.
Porque parece-me que eles não tem mais nada para me dizer ou mostrar, ou simplesmente nao me queiram escutar...
E talvez porque já esteja na hora de eu caminhar com as minhas próprias quebras de conceitos e perplexidades para com o vazio que preenche mundos outros.
Ainda não sei que tolos conceitos ainda me pesam os gestos, mas hei de encontra-los e destrincha-los, como quem come um espaguete ao suco, em molho criado por si mesmo, mais denso, ou mais leve, e devora-lo saboreando a sabedoria no paladar da mente que tudo metaboliza.
E como Nada esta definitivamente definido, o Tudo, que nunca se Perde, e' uma indefinida variante de transforma coes.
Assim e' que me recrio.

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