sábado, 2 de janeiro de 2010

Frases Arranjadas

“De cara limpa,
Quem quer ser um milionário?
IS,
TO,
À flor da pele,
Contra os parasitas!

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Feliz Ano Novo.

Já estamos em outro recomeço e eu de certo não quero respostas.
Não agora, em que brindo sozinha a minha existência como espírito e matéria, animal e racional.
O dia chegou cinzento, mas a tarde estava em tons de luz e silêncio, e com a desculpa de procurar ervas para banhos, saboreamos os caminhos sem tráfegos nem pressa constante, e a avenida estava mais amplamente visível, ali, após os Jardins, e voltando por dentro das ruas sinuosas, retas, arborizadas, limpas, amplas, desertas àquela hora da tarde...
Não encontramos as ervas, mas fomos agraciadas com rosas brancas.
No caminho de volta à casa lembramos-nos de outra Bruxa e tiramos tudo o que tínhamos de erva-doce do armário, e cozinharíamos para nos banharmos antes de recomeçar a partir de um novo começo.
A minha Iansã estava linda com as unhas que precisavam ser retocadas em azuis de noites difusas, eu retoquei os pequenos estragos, então ela recomendou-me um belo filme japonês sobre preparação de e para despedidas, nos abraçamos no subsolo e eu comprei um Brut para o caso de não conseguir dormir.
O amigo acovardou-se ainda mais fraco e ressentido do que eu, mas eu chorei mais por ele, naquela hora, que por mim mesma.
Estava decidida a ir escrever e cair em sono de cansaço, mas acrescentei cravo à erva-doce, então uma fagulha mínima acendeu.
E eu acendi todos os castiçais e lanternas, incensos, cometi deslizes e comecei a produzir o bem estar para a minha a solidão me torturar confortavelmente, e só então comecei a peregrinação familiar através das fibras óticas que unem distâncias, quase magicamente.
Eu pensei que seria apenas o suficiente para não demonstrar minha infelicidade e minha solidão, e quase tudo vacilou um pouco quando ouvi as vozes familiares audivelmente perto, estando tão distantes, e contendo a ansiedade longe do momento de ouvir aquela voz, naquele instante, a mais preciosa.
Não querendo iniciar 2010 uma hora antes do combinado com o sol Gregoriano, comecei a assistir ao filme e uma imensa tranqüilidade invadiu-me envolvendo-me na trama dedilhada num violoncelo dentro de fotografia Zen .
De repente a introdução em Violet Hill soou assustadoramente e eu fui trazida de volta com o coração querendo saltar para fora e fugir.
Um misto de medo e alegria fazia a felicidade parecer terrivelmente avassaladora.
A conversa iniciou-se sem ânimo e difícil, mas então eu consegui ouvi-la respirar com mais leveza antes de agradecer desnecessariamente.
De repente ela pediu a palavra e disse, “... aqui já é 2010. Feliz ano novo pra você.”
Eu ouvi meus sentidos estalarem ao constatarem que eu entrei 2010 conversando de igual para igual com a pessoa que eu mais amo nesta vida e que naquele instante precisávamos estar ao lado uma da outra e por questões corrosivas, neste momento das nossas vidas, estamos fisicamente separadas.
Ela sorriu timidamente e pediu para ficar mais um pouco comigo porque estava bom e ela não queria desaguar.
Eu disse “então vamos brindar com o mine Brut que eu tenho aqui para situações de emergências assim”.
Então fiz com que ela ouvisse todos os sons desde a abertura da garrafa, o estourar do espumante, ela me dando orientações para não causar pequenos acidentes, e eu descrevendo o que estava acontecendo.
Brindamos e ela já estava fortalecida quando nos despedimos, e eu também.
Então, desliguei a televisão, deixei o Romançal em somTripico invadir o silêncio sem precisar quebrá-lo, e quis te dizer de verdade, que eu realmente, hoje, não quero mais respostas.

Perdoe-me a estupidez com que pesso ajuda.
(postado duas horas e vinte e quatro minutos depois do novo recomeço)

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

O nome da Palavra

No Palato
O tino
Em type



Em telas
Os olhos
Buscam:
Onde estamos...?


A boca
Resseca
A palavra
Dissecada
Onde
Residem os sentidos.

Pulsa a
Nervura
Em significada
Procura e...

...No céu seco
Da boca em brasa
A palavra
Paladina
Lança em lingua invisivel,
evitando a destruição,
Encanta e então,
naquele
isolamento
defende quando arrefece tudo

Os olhos
Cansados nas telas,
Silenciando o type,
Apagando os vídeos,
Revêem entre palavras paladinas
O tino de cada sentido,
Num gesto eternizado.

Então a palavra encontra
Um novo verbo
Para um mesmo sentido.

Através de Alligiere encontrei Dostoiévski.

Era Setembro quando Ela me sorriu dizendo que queria me apresentar uma pessoa.
dizendo assim, “Você vai conhecê-lo já no Paraíso”.
Eu a abracei e o recebi entre os braços, beijei carinhosamente agradecida e encantada, mas ressalvei, “Acontece que antes eu preciso encontrá-lo no Purgatório, depois no Inferno, e só então conhecê-lo no Paraíso,”
Então guardei o Paraíso sem nele entrar, apesar de Beatriz.
Fiquei esperando o Purgatório, em seguida o Inferno, sabia que mais cedo ou mais tarde por mim ambos passariam.
Um dia entrei num sebo com o Paraíso nas mãos, querendo achar o Purgatório e o Inferno, porém, não encontrava nada tão bem vistoso quanto o Paraíso, que era protegido por uma espécie de tecido tingido de azul e letras douradas.
Era um belo trabalho de encadernação.
Foi então que vi o Dostoiévski em vermelho escuro, também em letras douradas, porém, trazido do russo para o inglês, surgiu numa prateleira caótica e eu disse que o queria para mim, mas não tinha dinheiro, então o sebista me indagou antes de aceitar a permuta, “e você sabe inglês?”
Sem nenhum constrangimento nos olhos respondi calmamente, “ não, mas eu não o estou levando para mim de verdade, e sim para o dia em que surgir a oportunidade de doá-lo a alguém que saiba e sinta-se feliz em tê-lo”.
E isso aconteceu cerca de uns quatro anos depois, era um pobre professor e ficou muito feliz.
E eu nunca cheguei ao Paraíso. No meu caminho surgiram tanto Purgatórios, quanto Infernos e Paraísos, todavia não apeteceu entrar muito, dei algumas voltas entre o Purgatório, o Inferno e o Paraíso, sem nunca entrar muito em nenhum deles realmente.

Tempos depois, reencontrei o Dostoiévski, do inglês para um português confiável, e me apaixonei, até hoje

(E a mesma Ela que me presenteou Alligiere em pleno Paraíso, foi quem numa noite de verão e artifícios, bradou com seu Bukowisk no ar dizendo, “é melhor morrer de vodka do que morrer de tédio”, por isso eu acreditei. Mas isso já é uma outra historia a ser ressalvada).

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Cala alma

Diga o que você sente

De fato,

No ato,

Cuidado!

Você pode até ser escutado.

E se for

Meu amor

Se de fato

Aquele seu ato

Dado a entender

Algo equivocado

Ai de você...

Há de sofrer

Há de querer

Calar inexato

No ato

De fato,

Revele o que sente

E veja-se condenado

A sentir calado.

Frase sem efeito

(eu não sou feita apenas de delirios e poesias)

domingo, 27 de dezembro de 2009

A Menina e seu Elefante

Veja essa menina gigante

Indo encontrar com o seu elefante.

Essa menina é meu ser

E esse elefante é meu querer.

O meu querer é tão grande,

E é tão delirante o meu ser.

Essas imagens

Como miragens

Sonhos encantados

Que tanto me diz

Meu ser gigante

E meu querer alucinante,

Enfim representados

Mesmo que em espetáculo

Pelas ruas de Paris.


( para servir-se na difusão virtual)

Ontem foi a minha tarde de Oz.

Em casa o clima tendia para a mesmice obrigatória em dia útil, então eu disse delicada, mas decididamente, “não”, contatei meu intuito com o do Nômade vindo da terra do Leite, que saboreia a terra do Café, e ele disse, “Ok”. Botei na bolsa uma caixa contendo cigarrilhas Talvis que eu ganhei de um santista centrado, musicas compactadas em disco, uma porção da grande quantidade de chocolate doce que ganhei de uma Querida Apimentada, vesti-me em verde e neutralidades e segui rumo à 15 de Novembro.
O Nômade tem um sorriso que dá vontade de beber, e dedos longos e unhas limpas, além da voz máscula assegurando que eu posso confiar. Não estava sozinho, quase nunca está, sentei cumprimentando sem me apresentar diretamente, estava excitada, e dei os presentes ao Nômade, mas fiz questão de dizer que os Tavis deveriam ser distribuídos entre os outros, da Augusta, da Av. São João... Ele gargalhou concordando que seria até pecado ficar com tudo apenas para seu prazer que talvez não apreciasse tanto assim os Talvis. Seus olhos brilharam infantis quando viram os chocolates saudosos. Seu coração me enlaçou em braços mornos agradecendo as musicas compactadas dentro do disco.
Então, não querendo esperar, o Nômande dividiu alguns dos Talvis com o artesão com quem dividia, naquele dia, o seu ponto, e a medida que alguns passantes condizentes com as condições que as ruas lhes oferecem como subsistência paravam, se fosse o caso, oferecíamos um Talvis. Quando eu comecei a distribuir, fui dizendo assim, “Com os cumprimentos do Sr. Rubem Fonseca” mesmo sabendo que para nenhum deles fazia a menor diferença ou sentido o nome que eu mencionava, mas bastava ao meu delírio, saber que o Sr. Ruben Fonseca sabe – como poucos - observar a escoria e saber captar e reescrevê-las sem sentimentalismo o que os seus sentidos puderem absorver desta ou daquela existência e suas reações exteriorizadas ao mundo, e suas correlações com o que é sociavelmente aceito como normalidade e anomalia, por vezes não importando a classe, mas é que nas altas esferas as anomalias são exteriorizadas como requintadas excentricidades. Quando extrapolando esse tênue limite, tratamentos com neurofarmacologicos licitos e apropriados, por vezes, resolvem.
De volta às ruas, Oz se mostrou emoldurado em muitas portas sem casas que sempre abertas, me convidavam a tomar acento no pedaço de chão que me cabia. Tomamos cerveja preta com chocolate e nenhum Tavis foi aceso porque nossa carência pedia outros artifícios, e a conversa sobre assuntos diversos fluía descontraidamente, o movimento das pessoas era intenso e isso era salutar para os pequenos negócios do Nômade que possui na lábia uma língua que parece adocicar suavemente as palavras, e quando deixa a luz ver seus olhos verdes como duas esmeraldas sobre o tecido em bronze e chocolate da sua pele curtida, eu prefiro fugir um pouco para dentro dos vitrais distantes, poucas delas – ou deles – resistem em sair sem deixá-lo com um pouco do vil metal como recompensa pela exposição, um tanto inconsciente até, da satisfação por ligeiros momentos, alcançada. Cada venda dele é um tipo de conquista diferente.
No final ele me presenteou com um artifício quase puro cheirando a natural, na medida do possível estando eu morando em paragens distantes do Velho Chico.
E só quando já estava de saída é que me dei conta que não sabia alguns nomes, então me despedi dizendo por fim o meu.
Sequer usei meus sapatinhos vermelhos, mas encontrei caminhos ótimos antes de voltar para o meu mundinho claustrofóbico feito de solidão e delírios.
Garoava.

Seguidores