sábado, 27 de fevereiro de 2010

... sequer tem um nome

Não quis o corpo, em si. Quis sorrisos, respostas, e olhares trazendo tudo isso mesclando curiosidade, cuidado e atitude.
Quando muito, em desespero, quis uma das mãos, para segurar forte, apenas o polegar, quando tivesse aquela assustadora sensação de que tudo iria desabar, e sem precisar olhar, sentir que em silêncio, apenas o sorriso dizendo-lhe “Ta tudo bem” já lhe salvava, de si mesma.

(Outras de si desejaram por fúria e luxúria todo o corpo, mas isso a fez perder-se para sempre).

O Invasor

A Augusta quase toda libidinosa banhando-se do amarelo que dá vida e cor e calor à tudo.
Ela deu um “deadline” sob pressão e explodiu em fúria com o isqueiro em uma das mãos e um cigarro ainda apagado na outra.
O coração suicida ribombando louco, desvairado, descontrolado...
Durante a erupção incontrolável, cuspindo pequenas e incandescentes rochas que saíam calcinando qualquer esperança de coisa a permanecer viva.
Estava arfando quando sentou, e como antes saboreava a presença alegórica da Menina naquela manhã de luz, cores, silêncios espaçados entre barulhos e murmúrios urbanos, humanos, deixando-a observar a humanidade dentro de uma complacência sem compaixão – porque ela também era uma humana e odiava sentir pena do quer que fosse, inclusive de si mesma, tão humanamente, inviável...
... E a Menina ali na sua visão pessoal da Augusta...
Foi então que tudo sob a quentura crescente daquela presença abstrata, fazendo-a sentir aquela saudade abstrata, daquela Menina de olhar noturno, que o encanto foi abruptamente quebrado, por uma presença que ela não queria lembrar que existia sem mais fazer conexão com a sua vida, que tudo ruiu e ela, involuntariamente, explodiu.
Enfim sentou no chão e respirou fundo para voltar a ter fôlego e buscar um mínimo de tranqüilidade, qualquer coisa que lhe apaziguasse antes que ela insistisse em acender o cigarro.
Era, então, antes da explosão, apenas ela, reinventando a Augusta para presentear a Menina em pleno domingo solar, e sem a interferência do Rapaz... a não ser além do caminho que a levou àquela Menina...
Porém, buscando paz, seus olhos encontraram os passos de um garoto que se aproximava, na mesma calçada, levando uma bolsa ofuscantemente, verde...
Ela desviou o olhar sorrindo em negativa, e entrou com seu olhar traído, atraído na esquina da Augusta com a Costa, onde um maluco tentava – usando a sua longínqua e Darwiniana genética herdada dos símios – subir numa sofrida e esquelética árvore, apesar desta possuir uma copa verdejante que seguia a geometria do prédio pichado, até uma grande janela fechada, e além da sua esquizofrênica simbologia para um "Sim", aquela imagem, por si só, já somava pontos para mais outro conto, “para depois daqui e de agora...”, ela falou, após anotar os dados ali lançados, e então, ela já apaziguada sob aquela quentura amarela que a fazia lembrar um sorriso dela, daquela Menina, ela finalmente acendeu o cigarro, e se vendo apaziguada, agradeceu ao Rapaz invasor.


(Quantos Domingos podem caber dentro de um único Domingo?
Será que um marcador ilusório do tempo, saberia responder?).
Sim.
Chove aqui sobre nos.
Eu ja em prontidao, mesmo sem luz,
e voce, por certo, ainda sob lencois... a sos...?
Somos dois sois sob tempestades e vendavais.
Outro dia Iansa cantou, e nos so sobemos ouvir trovoes.
e quando ela dancou, como bem sabem dancar as deusas,
nos, temerosos, nos imprecionamos apenas com os relampagos, reflexos da sua forca que ecoa com explosao, mas quando ela grita, esbraveja ou festeja, parece que o ceu vai se partir para dar passagem ao raio que a Terra vem atingir.
Ainda chove, e ontem teu nome foi a minha unica oracao pronunciavel.


(pedaco do diario)

AnnaLee

Fragmentos...

Modelando miolo de pão, viu formar-se um tosco dragão.
Afinou a calda e finalizou-a pontiaguda como uma seta.
As asas eram finas e quebradiças, como se calcinadas pelo tempo lendário, porque todo dragão já nasce lenda.
Escancarou e boca para mostrar a força das mandíbulas ocultas, e pode vislumbrar uma língua de fogo feita de algodão.
Pronto o protótipo do que seria um dragão, ela até intencionou enche-lo de cor guache, e transformá-lo num psicodélico dragão de miolo de pão.
E depois disso pensou se ele vendo, sorriria...
“Não...?”
E para não mais se iludir e tornar a abrir as portas daquela prisão, destruiu o dragão de miolo de pão.


(Rute)

Damas

Com aquele seu sempre belo sorriso incandescente ela me disse num átimo entre um suspiro e o abrir e fechar das portas que guardam as palavras, “Cedi. Vou retocar os lábios”.
Eu sorri com a condescendência de quem não opina em decisões pessoais tão pessoais assim.
“Reza”, ela pediu como quem se desespera humildemente, mostrando um esgar de crença sem palavras cientificamente adequadas.
Eu disse “sim”, e sem aflição, acendi uma vela vermelha e pedi por dentro de mim a quem me escutasse além de mim e de tudo que há aqui, “Fica lá do lado dela enquanto o retoque – desnecessário, eu sei – acontece, que é para quando ela voltar, sorrindo ainda mais bela, me dizer como quem agradece à Rainha-Mãe, “Gratíssima”.”
E ela voltou bem antes do tempo que eu não contava, e sorrindo, ainda mais bela, disse-me em suave ressonância de Rainha-Mãe,
“Gratíssima” deu tudo certo, mas eu quero ficar entre fios e felinos...”, e foi embora deixando no rastro da despedida a boa nova da filha Renascida que agora banhava-se de amor e sal nas águas onde se desagua o Tejo.

Olinda, julho/2009 para uma Bela Dona

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Como se
Procurasse
Respostas
Nas portas
Fechadas
Fachadas
No teu olhar
Agora sem neon
Agora sem neon
Agora sem neon.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Sado & Maso





To
do
Um
Exci       tan   te
Praz            er
  Em
Faz             er
E
Ver
Do               er.
   E
Em
Troca
    Há
Um
Tortur      an  te
Praz           er
Em
Sent           ir
E
Exib           ir
O
 Sofrer.

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