terça-feira, 7 de julho de 2009

sardonica

Acho que de todas as servidoes - ainda que livre, com saldo escravajista -
a que eu mais me permitiria, seria a de coveiro.
Porque o coveiro é quem cava a compoteira onde se deposita - protegido
por ataudes de variados estilos sociais - os restos do que teve vida,
e agora, passara a ser alimento para outras vidas distintas, e de onde
sairão milhares de outras minúsculas vidas, distintas, que por sua vez alimentarão
a Terra, até se tornarem parte pulsante, dela.
E quando o ataúde fosse de nobre madeira, a cada pá que eu jogasse, eu em
livre e irônico pensamento, diria, "Mesmo que tenhas tido ouro, por tua vida inteira,
é de areia tua morada derradeira".


Rute
01-12-08

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