segunda-feira, 27 de julho de 2009

Dias de inverno

Me abasteci com cigarros e sonhos de valsa com trufa, e estou no meu quarto absolutamente arrumado.
Quem sou eu agora?
Estou tranquilamente deitada em meu colchão colocado sobre o estrado sobre o chão.
E já são próximas as badaladas para a metade de uma manha fria, e não é preguiça , é prazer.
Nao é ócio, nem tédio, é ter espaço para querer,
Eu quero ficar em mim, desfrutando da minha solidão o que de lucidez ela traz para apaziguar minha alma conflituosa com si mesma e em relação aos demais.
Eu sou um estudo esboçado de mim.
A minha esquizofrenia me desnuda e eu quase não tenho segredos,
mas isso assusta as pessoas, e eu não gosto de sentir medos, principalmente os alheios.
La de fora me espreitam esperando meu próximo passo.
“Quem dela vira?”, perguntam-se, talvez sem sobressaltos, como se apenas pensassem, mas nada esperassem, sair ou passar de mim.
Sou eu mesmo, com as minhas historias trazidas e agora guardadas.
Alguns objetos à mostra, mostram outras historias, hoje, inofensivas.
Isto tudo sou eu agora.
Uma manhã de prazeroso e silencioso frio, quase nenhum som habita meu mundo.
Um eco distante de um latido entra por um gerador zumbindo distante, e apesar de saber que la fora tudo se move ou se ignora, estou em mim, deitada sobre o meu colchão forrado de xadrez, entre tons de verdes e sangue, segue em aquecedores azuis uma serena saudade, e nenhuma verdade a ser esclarecida.
Não me esperam silenciosa, mas eu quero ficar. Guardar conflitos e outras causas de efeitos instáveis, e aguardar, até que algo ou alguém me reverta o passo, e em retrocesso eu dê mais distância para os desencontros.
Eu não vou gritar em desespero.
A solidão é uma forte aliada para o desapego.
Acho que hoje eu amanheci apenas em mim, na minha banalidade humana, apenas vendo, ouvindo, respirando, tocando, e calando um pouco por dentro para me proteger melhor dos ardis la de fora.

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