sexta-feira, 9 de julho de 2010

Epitáfio.

aqui jaz
um tumulto
sem resíduo.


Um 
corpo
ido
é só
mais um
corpo
por outros
corpos
a ser
consumido.


AnnaLee

Testamento.

E então
virá o ermo
o escuro
sem nada
sem preço
total desterro
um corpo morto
não mais carece
nem de apreço
nem de esmero
nem de enterro. 


Depois
o espírito
Jaz tão
desprendido
do amor
da agonia
da alegria.


Nada mais
de cerimônia
de atenção.


Virá a putrefação
o corpo ôco
será apenas
mais um
cadáver
um
templo
destruído
carne
sem serventia
para o amor
humano
para o ódio
humano
para
o consumo.


Deixem
que vire
húmus
para alimentar
outros
vermes
que adubam
terra
que fertilizam
a mesma
cova
abrigando
no mesmo útero
outros
tantos
mortos
tantos
vivos
todos
mortos.


AnnaLee

Herança.

Deixo o desespero descrito em atos insanos,
fatos sem afirmações.


Uma boca suja
velha e calada
na escuridão.


Um amor esdrúxulo.
quase nenhum amigo.


A covardia rente a coragem
de um dia ter existido.


Palavras,
lavas de amor
e amargura.


Lágrimas cruas
pura
solidão
exposta
nos rostos
(s)em
respostas
impostas
nos gestos
nas ruas...


Deixo o desprezo,
o despreparo
para o inato,
o raso,
o claro.


A omissão,
a abjeção
a força perdida
nas investidas
para alcançar
algo próximo
à paz sem acréssimos.


O tempo existido.
O pedido negado.


O desejo reprimido,
a dor enfurecida,
a aurora enclausurada.


E para os tolos,
a inexistência
da plena flexlicidade.


Deixo os frutos
que colhi,
verdes,
podres,
remetidos,
esquecidos,
destruídos,
carbonizados.


Um corpo
insalubre
livre
de um
espírito
perturbado.


E por fim,
deixo o acaso
como testemunha
omissa
do meu fracasso.


AnnaLee

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