segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Eu, sem querer, querendo, me detono.
Detono meu corpo físico, quando o meu espírito não está bem.
Eu não consigo exprimir para quem está perto de mim - e poderia saber me ajudar - o que realmente estou sentindo.
Eu não omito, eu simplesmente finjo que estou bem, e vou mastigando devagar, e de vagar em vagar, vou engolindo, devaneando em tristezas, e quando tudo atinge a bílis, eu vomito ira.
Fica tudo aqui dentro de mim em ebulição gastrointestinal. Faz-me mal doer sozinha.
Eu acabo por pagar um preço merecidamente alto, e sozinha.
Quando à noite eu deito meu corpo maltratado, a minha alma cansada não consegue sair e o corpo não consegue dormir.
Tudo vai ruindo tão ruim, num ir e vir entre todos os caminhos que eu acreditei que levasse a Um.
Como saber explicar meu sofrimento para quem está perto, se eu não sei entender o que aconteceu entre eu e esses alguns alguéns que se mantêm neste perto-longe?
Eu só sei o que vi pelos caminhos azuis, verdes... Mas algumas pegadas simplesmente sumiram daqueles caminhos que eu costumava usar.
Com a covardia em conluios amigáveis e aceitáveis em prol da Tribo.
Como se tudo não passasse de alucinação minha, só minha.
Nada existiu, eu é que delirei.
Nestas horas pesadamente insones, muitos pensamentos chegam. Eu deixo que eles fiquem um pouco, e depois os dispersos para dentro dos vários compartimentos reservados no meu arquivo cerebral.
Porém estes que chegam com uma bagagem feita de sentimentos que ainda não foram desfeitos ou resolvidos, estes sentam praça, e fincam suas bandeiras asteadas em mastros afiados que perfuram meu coração e enfiam-se e abrem suas bagagens, e eu sou levada para dentro de momentos, alguns eternizados, outros deletados a olhos nus, mas não aos olhos da minha alma.
Eu estou sozinha na minha loucura, e isso também me entristece, e me deprime, e eu me camuflo para parecer bem, e me detono para lembrar que estou verdadeiramente mal.
Lembro então que preciso deste corpo, e em seguida me alieno dentro da idéia quase fixa de que tudo pode para a qualquer momento, talvez um meteoro se choque sem aviso com a Terra, ou uma bala perdida penetre meu ouvido... então eu bebo, fumo, devoro chocolates amargos, e digo "Foda-se".
E choro todas as minhas mortes.
Penso em procurar um dos alguéns, mas não existe amizade onde a mentira é adubo para os jardins da auto-preservação, não, e esse tipo de omissão me humilha e me denigre.
Eu poderia usar de desculpas bem contundentes, e outras bem naturalmente aceitáveis. Tenho algumas guardadas no meu armário, e outras para resgatar de suas mãos, mas eu não preciso usá-las.
Eu não uso desculpas para fazer o que quero fazer, eu faço, mesmo que depois eu pessa, humildemente, desculpas, e nem sempre sei perdoar a mim mesma antes, e enm depois.
E apesar de não querer usar nenhuma das desculpas, eu gostaria de ter todos os meus papéis de volta. Para queimá-los.
Sim, eu acredito em exorcismo deste tipo, para tirar de minha alma doente, o demônio da loucura, da alucinação.
Ao mesmo tempo, o meu orgulho mais que ferido, se arma de indignação e diz, "Não. Ainda não."
Triste, a minha dor ensandecida é encalacrada, e se transforma em desapego à vida. E explode, às vezes...
De que vale um corpo vivo e sadio, abrigando uma alma doente e louca?

Gostaria de saber qual dos alguns alguéns poderia me dizer de alguma forma que tudo há de "ficar bem".
Nenhum, ninguém.

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