terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Através de Alligiere encontrei Dostoiévski.

Era Setembro quando Ela me sorriu dizendo que queria me apresentar uma pessoa.
dizendo assim, “Você vai conhecê-lo já no Paraíso”.
Eu a abracei e o recebi entre os braços, beijei carinhosamente agradecida e encantada, mas ressalvei, “Acontece que antes eu preciso encontrá-lo no Purgatório, depois no Inferno, e só então conhecê-lo no Paraíso,”
Então guardei o Paraíso sem nele entrar, apesar de Beatriz.
Fiquei esperando o Purgatório, em seguida o Inferno, sabia que mais cedo ou mais tarde por mim ambos passariam.
Um dia entrei num sebo com o Paraíso nas mãos, querendo achar o Purgatório e o Inferno, porém, não encontrava nada tão bem vistoso quanto o Paraíso, que era protegido por uma espécie de tecido tingido de azul e letras douradas.
Era um belo trabalho de encadernação.
Foi então que vi o Dostoiévski em vermelho escuro, também em letras douradas, porém, trazido do russo para o inglês, surgiu numa prateleira caótica e eu disse que o queria para mim, mas não tinha dinheiro, então o sebista me indagou antes de aceitar a permuta, “e você sabe inglês?”
Sem nenhum constrangimento nos olhos respondi calmamente, “ não, mas eu não o estou levando para mim de verdade, e sim para o dia em que surgir a oportunidade de doá-lo a alguém que saiba e sinta-se feliz em tê-lo”.
E isso aconteceu cerca de uns quatro anos depois, era um pobre professor e ficou muito feliz.
E eu nunca cheguei ao Paraíso. No meu caminho surgiram tanto Purgatórios, quanto Infernos e Paraísos, todavia não apeteceu entrar muito, dei algumas voltas entre o Purgatório, o Inferno e o Paraíso, sem nunca entrar muito em nenhum deles realmente.

Tempos depois, reencontrei o Dostoiévski, do inglês para um português confiável, e me apaixonei, até hoje

(E a mesma Ela que me presenteou Alligiere em pleno Paraíso, foi quem numa noite de verão e artifícios, bradou com seu Bukowisk no ar dizendo, “é melhor morrer de vodka do que morrer de tédio”, por isso eu acreditei. Mas isso já é uma outra historia a ser ressalvada).

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