quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Feliz Ano Novo.

Já estamos em outro recomeço e eu de certo não quero respostas.
Não agora, em que brindo sozinha a minha existência como espírito e matéria, animal e racional.
O dia chegou cinzento, mas a tarde estava em tons de luz e silêncio, e com a desculpa de procurar ervas para banhos, saboreamos os caminhos sem tráfegos nem pressa constante, e a avenida estava mais amplamente visível, ali, após os Jardins, e voltando por dentro das ruas sinuosas, retas, arborizadas, limpas, amplas, desertas àquela hora da tarde...
Não encontramos as ervas, mas fomos agraciadas com rosas brancas.
No caminho de volta à casa lembramos-nos de outra Bruxa e tiramos tudo o que tínhamos de erva-doce do armário, e cozinharíamos para nos banharmos antes de recomeçar a partir de um novo começo.
A minha Iansã estava linda com as unhas que precisavam ser retocadas em azuis de noites difusas, eu retoquei os pequenos estragos, então ela recomendou-me um belo filme japonês sobre preparação de e para despedidas, nos abraçamos no subsolo e eu comprei um Brut para o caso de não conseguir dormir.
O amigo acovardou-se ainda mais fraco e ressentido do que eu, mas eu chorei mais por ele, naquela hora, que por mim mesma.
Estava decidida a ir escrever e cair em sono de cansaço, mas acrescentei cravo à erva-doce, então uma fagulha mínima acendeu.
E eu acendi todos os castiçais e lanternas, incensos, cometi deslizes e comecei a produzir o bem estar para a minha a solidão me torturar confortavelmente, e só então comecei a peregrinação familiar através das fibras óticas que unem distâncias, quase magicamente.
Eu pensei que seria apenas o suficiente para não demonstrar minha infelicidade e minha solidão, e quase tudo vacilou um pouco quando ouvi as vozes familiares audivelmente perto, estando tão distantes, e contendo a ansiedade longe do momento de ouvir aquela voz, naquele instante, a mais preciosa.
Não querendo iniciar 2010 uma hora antes do combinado com o sol Gregoriano, comecei a assistir ao filme e uma imensa tranqüilidade invadiu-me envolvendo-me na trama dedilhada num violoncelo dentro de fotografia Zen .
De repente a introdução em Violet Hill soou assustadoramente e eu fui trazida de volta com o coração querendo saltar para fora e fugir.
Um misto de medo e alegria fazia a felicidade parecer terrivelmente avassaladora.
A conversa iniciou-se sem ânimo e difícil, mas então eu consegui ouvi-la respirar com mais leveza antes de agradecer desnecessariamente.
De repente ela pediu a palavra e disse, “... aqui já é 2010. Feliz ano novo pra você.”
Eu ouvi meus sentidos estalarem ao constatarem que eu entrei 2010 conversando de igual para igual com a pessoa que eu mais amo nesta vida e que naquele instante precisávamos estar ao lado uma da outra e por questões corrosivas, neste momento das nossas vidas, estamos fisicamente separadas.
Ela sorriu timidamente e pediu para ficar mais um pouco comigo porque estava bom e ela não queria desaguar.
Eu disse “então vamos brindar com o mine Brut que eu tenho aqui para situações de emergências assim”.
Então fiz com que ela ouvisse todos os sons desde a abertura da garrafa, o estourar do espumante, ela me dando orientações para não causar pequenos acidentes, e eu descrevendo o que estava acontecendo.
Brindamos e ela já estava fortalecida quando nos despedimos, e eu também.
Então, desliguei a televisão, deixei o Romançal em somTripico invadir o silêncio sem precisar quebrá-lo, e quis te dizer de verdade, que eu realmente, hoje, não quero mais respostas.

Perdoe-me a estupidez com que pesso ajuda.
(postado duas horas e vinte e quatro minutos depois do novo recomeço)

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