sábado, 27 de fevereiro de 2010

Damas

Com aquele seu sempre belo sorriso incandescente ela me disse num átimo entre um suspiro e o abrir e fechar das portas que guardam as palavras, “Cedi. Vou retocar os lábios”.
Eu sorri com a condescendência de quem não opina em decisões pessoais tão pessoais assim.
“Reza”, ela pediu como quem se desespera humildemente, mostrando um esgar de crença sem palavras cientificamente adequadas.
Eu disse “sim”, e sem aflição, acendi uma vela vermelha e pedi por dentro de mim a quem me escutasse além de mim e de tudo que há aqui, “Fica lá do lado dela enquanto o retoque – desnecessário, eu sei – acontece, que é para quando ela voltar, sorrindo ainda mais bela, me dizer como quem agradece à Rainha-Mãe, “Gratíssima”.”
E ela voltou bem antes do tempo que eu não contava, e sorrindo, ainda mais bela, disse-me em suave ressonância de Rainha-Mãe,
“Gratíssima” deu tudo certo, mas eu quero ficar entre fios e felinos...”, e foi embora deixando no rastro da despedida a boa nova da filha Renascida que agora banhava-se de amor e sal nas águas onde se desagua o Tejo.

Olinda, julho/2009 para uma Bela Dona

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