quarta-feira, 11 de março de 2009

Carta.

Quantas de mim ainda irão resistir?
Não vês que as estou exterminando uma a uma
Porque nenhuma delas parece chegar a ti?
E como queres que eu alimente sonhos que se dissipam
Em pesadelos, como um grande monstro a tudo engolir?
Eu me reinvento apenas para ti.
Eu tentei outro sonho, me mostrar reinventada para outro ser,
Mas algo mais concreto que o sonho, está a me impedir, então eu desisti.
Em solo sou eu mesma, e fica difícil seguir... Sonhando.
Pelas ruas do mundo tu andas solto em asas de neon, horizontes verdes, em linhas sobre Cronos, que dizem do teu ir e vir, e eu cega, ainda te sigo, sem nem mais sequer querer sonhar.
Eu te reinventei só pra mim. Dei-te nomes a partir de ti, refletido aqui e ali, em cores e estampas... Imagens imantadas...
E também fui abolindo todos eles do cativeiro do meu sonho.
Eu não quero sonhar mais, é penoso quando se tem que acordar para dentro de uma realidade sã e aceitável.
Tudo me parece loucura unicamente minha. E isso dói, ainda.
Então não há como sustentar o sonhar em acreditar que um dia tudo venha a se esclarecer.
Sonhar? Para quê?
Para continuar eu, imersa na loucura de querer um dia de perto te ver?
E há ainda o grande medo que sinto de te ver e imediatamente, te perder, para sempre...
Ando insone, querido, e sonhar acordada está se tornando algo ainda mais tortuoso e impossível.

Então vou perdendo uma a uma, cada uma de mim que reinventei para ter como dizer meu sonho de um dia chegar a ti... Sem te perder, nunca...

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