quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Febre.




O corpo aquebrantado,
Autômato...
Seguindo impulsos
E instintos.
A garganta em brasa,
A voz presa,
Depois de esvair-se,
Muda, em letras altas.
Alerta vermelho
Derramou o mercúrio,
Quebrou o vidro,
Trincou o espelho.
O coração em lava
Derretendo em magma,
Escaldando a mágoa,
Da febre que amalgama,
O fago fátuo da alma.
Alma, alma...
Calma...
É febre, é febre...
O pulso ferve,
O corpo pede,
Pede, pede...
Descanso
Em um remanso.
Num branco rio
Caudaloso e frio
Seguindo percursos
Sucumbindo em regaços,
Sob céus áridos,
E também febris,
Febris, febris...
A alma delira
Sonhando a outra alma,
Fria, calma, e gris...


A pele eriçada,
Entorpecida,
Os poros fechados
O sangue fervente
Cozinhando as viceras
Em banho-maria.
A alma assando,
O corpo estilando,
Esfria, frio...
Sem força
Apenas dor
Dormente
Como se fosse
Apenas corpo presente
Em missa de sétimo dia.
Sete vidas em que ardia
A “Vita Brevis”, Agostinho...
Farpas e filosofias,
Infernizando o caminho,
Incendiada dia a dia,
A alma vaga em agonia.
E tudo esfria,
Quebrado o espelho,
Em cacos vermelhos,
Mercúrio-melancolia,
Marcando seu ser febril,
E em febre, febre...
Sem remédio servil,
Sem apelo, sem apelo...




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